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sábado, 16 de janeiro de 2016

O ANDARILHO VS O BRUXEIRO
























A principal razão de eu ter criado o Mais Um blog de Games foi a necessidade de dar opiniões que, de outra forma, eu jamais ouviria (ou leria) em outros veículos de entretenimento. Isso porque a mídia em geral parece combinar, de tempos em tempos, em concordar com, ou ignorar opiniões que aos olhos de outras pessoas parecem ser bastante óbvias.
Um caso que exemplifica perfeitamente o que eu disse acima é com o novo Star Wars: as pessoas parecem tão desesperadas para aclamar este episódio como o chosen one que vai resgatar o moral da franquia Star Wars, que só existem duas alternativas a quem não conseguiu deixar de perceber as óbvias e grosseiras falhas de roteiro do filme: ou não é um “fã de verdade” da série; ou é um fã fazendo mimimi porque o filme não é o que ele esperava que fosse.

Já nos games, o ano de 2015 foi bastante generoso para com o gênero RPG. Tivemos dois grandes lançamentos de jogos de mundo aberto, que trouxeram novamente o gênero para os holofotes da indústria: The Witcher 3, lançado em maio; e Fallout 4, lançado em novembro. Ambos os jogos contaram com campanhas de marketing brutais em todas as vias de comunicação conhecidas pelo homem, muito embora que só um dos dois esteja sendo processado por arruinar a vida de pessoas descontroladas, que não sabem apertar o botão pause e voltar às obrigações da vida real.
E olha que nem estou colocando nessa lista aqueles jogos que não são RPG, mas servem como ótimos exemplos de jogo de mundo aberto, como Dying Light e Metal Gear Solid 5.


O pior é ser obrigado a ficar ouvindo esse nome escroto em todo lugar...

Mas os dois jogos não compartilham apenas a similaridade de gênero: tanto Fallout 4 quanto The Witcher 3 foram indicados ao prêmio de melhor jogo do ano pelo The Game Awards, aquela mesma premiação que foi palco da lavagem de roupa suja entre a Konami e os advogados de seu ex-funcionário, um tal de Hideo Kojima.

E quando se fala em premiações à base de votação, é mais que natural que opiniões sejam divididas: qual o melhor jogo do ano? Fallout 4 ou The Witcher 3?
Pra começar a responder a essa pergunta, quero deixar claro que eu joguei ambos os jogos. Fallout 4 até o fim, sendo que meu contador de horas já passa dos oito dias; e The Witcher 3, tendo completado apenas duas das sete áreas do game, não chegando (ainda) ao final.

E outra coisa que quero deixar bem claro é o seguinte: o texto conta com a MINHA OPINIÃO sobre qual dos dois jogos eu gosto mais. Então, se você é um fã pentelho de um jogo ou outro e se sentir ofendido, AZAR O SEU. Cresça e aprenda a considerar as opiniões e pontos de vistas de outras pessoas que não seja você mesmo. Se colocar no lugar dos outros é algo humano, chamado empatia. Se você se revolta com alguém só por que essa pessoa discorda de você, procure um psicólogo e vá encher o saquinho de outra pessoa, que tem mais paciência pra esse tipo de criancice.


Missão impossível: escolher apenas uma foto pra elogiar os visuais desse jogo.

Depois desse sermão todo, eu quase ia me esquecendo de explicar o motivo do post: realizar um embate, baseado 100% em minha experiência anedótica com os dois títulos, explicando o motivo de eu achar qual dos dois jogos é o melhor nos principais quesitos que constituem um bom RPG.
Claro que em alguns tópicos eu não vou poder me aprofundar muito, pelo fato já citado de não ter completado The Witcher 3. Enredo é um deles, só pra citar um exemplo, muito embora que caibam algumas observações mesmo nestes casos.

Então, sem mais delongas, vamos deixar que o Bruxeiro prepare a sua melhor poção, que o Andarilho saque a sua melhor traquitana futurista, e que o embate comece.

   

ROUND 1: GRÁFICOS
























Se você leu meu review de Fallout 4, então já deve saber que eu fiquei mais que satisfeito com os visuais do game. Mesmo usando o Creation Engine, uma mutação do surrado Gamebryo que vem gerando jogos como Fallout 3, New Vegas e Skyrim através das décadas, Fallout 4 consegue entregar visuais capazes de impressionar aqueles que jogam. Principalmente levando em conta o fator “jogo FDP que leva mais de 200 horas pra terminar”.

Mas o problema de Fallout 4 não são seus visuais, e sim seus bugs e “peculiaridades” típicas deste exaustivo motor gráfico, que parece não cair das graças da Bethesda Game Studios. Quem acompanha os jogos da empresa desde Oblivion sabe exatamente a que me refiro.

Já The Witcher 3 desponta no mundo dos consoles com o pé direito: além de possuir uma visual embasbacante, despite all mimimi que você pode ouvir sobre taxa de quadros por segundo e lero lero, o jogo conta com um design de ambientes simplesmente único, bem como NPCs que deveriam servir de exemplo futuro a qualquer empresa estreante, disposta a aprender com que sabe.



E neste campo não há o que negar: enquanto a Bethesda vem com o milho, a CD Projekt Red vem com um delicioso bolo de fubá polvilhado com canela em cima. Se você não entende metáforas gastronômicas, eu traduzo: enquanto a Bethesda aprende a passos de formiga, a criar NPCs que não pareçam com um animatronic de filme de terror que fugiu de controle, a CD Red (pra encurtar) dá um show em variedade, estilo visual e beleza gráfica bruta propriamente dita.

PLACAR: não tem como negar. Por mais que você prefira RPGs futuristas pós-apocalípticos, The Witcher 3 dá uma surra no mimado Vault Dweller que acabou de acordar de seu gostoso soninho criogênico de duzentos anos. 1X0 para o bruxeiro.


ROUND 2: ENREDO
























Sim, eu disse que não poderia me prolongar neste tópico pelo fato de não ter completado The Witcher 3. Sabe como é essa “mania chata” que eu tenho de nunca falar de algo que eu não conheço. Mas fazer o quê...

Nesse ponto eu fico meio que de mãos atadas: eu não completei The Witcher 3, mas joguei umas boas 50 horas de jogo. O que não significa muito, visto que nesse tempo eu só consegui esmiuçar duas das sete continentalescas áreas que o mapa do game tem a oferecer.
Fallout 4, por outro lado, eu acompanhei a maioria das quests secundárias, e completei a quest principal com uma das três facções do jogo (diferente do Angry Joe, eu não fiz a minha lição de casa de dar load no save pra conferir as outras linhas de enredo, antes de escrever o review...).

PLACAR: Para dar o veredito deste round, eu só posso me apegar ao que eu já vi: Fallout 4 possui uma ótima main quest, que te suga pra dentro do aparelho de TV e não te permite fazer nenhuma outra coisa enquanto você não desvendar os seus mistérios; e The Witcher 3 possui um delicioso enredo de mundo medieval assombrado por cavaleiros negros assassinos, garotas desaparecidas e criaturas bizarras de toda sorte. Então a conclusão a que eu posso chegar é a seguinte: EMPATE. Ambos os jogos apresentam motivo mais que suficiente para continuar a jogar, independente da sua preferência por mundos medievais ou futuristas.


ROUND 3: EXPLORAÇÃO E COISAS A SE FAZER NO MAPA
























Verdade seja dita: The Witcher 3 é enorme sim, mas a maioria de seus objetivos e quests secundárias se resumem a encontrar baús com o Witcher sense (que a grande maioria trata como a reinvenção da roda só pra não admitir que ele se trata de um indicador de objetivos glorificado), ou explodir ninhos de monstros e encontrar pedras de meditação previamente marcadas no mapa.  Fora cidades e alguns lugares bastante específicos, as dungeons de The Witcher 3 são mais rasas que um pires.

Em Fallout 4 rola aquela coisa deliciosa de esbarrar em uma casinha perdida no Acre, quero dizer, no nada, que revela uma escotilha secreta contendo uma gigantesca base militar subterrânea abaixo dela. Não é exagero dizer que alguns lugares fechados neste game vão consumir uma tarde ou noite do seu dia, com terminais de computadores abarrotados de enredo complementar; holofitas com os mais variados depoimentos; e os ambientes por si só, que contam uma história silenciosa de uma tragédia envolvendo o local.

PLACAR: você pode argumentar que The Witcher 3 possui o maravilhoso jogo de cartas, O Gwent, ou que há uma vida inteira de mitologia para acompanhar nos livros espalhados pelo jogo (sério que você lê aquelas toneladas de livros, com todas aquelas letrinhas minúsculas?).
Mas por mais fã de mundos medievais que você seja, não dá pra negar que a franquia Fallout como um todo possui uma variedade bem maior de tarefas e sub-tarefas para manter o jogador ocupado em suas mais de 200 horas de gameplay. E elas são um pouco melhores que explodir ninhos de monstros, ou “farejar” baús de tesouro (a cem metros de você) com o Witcher sense. Se The Witcher ataca com Gwent, Fallout contra-ataca com Grognak e as ruínas de rubi, levando a rodada e ganhando um merecido 1X1 para o time da Bethesda.


ROUND 4: TEMPO DE JOGO
























Sim, provavelmente The Witcher 3 e Fallout 4 são dois dos maiores jogos de videogame que você vai jogar na sua vida. O primeiro leva uma indiscutível vantagem geográfica em cima do segundo, que perde em quilômetros caminhados, mas ganha em profundidade de coisas a se fazer. Mas uma coisa não dá pra negar (ao menos foi essa a impressão que eu tive com a minha experiência pessoal com o jogo): The Witcher 3 conta uma "grandiosidade que cansa". Explico.

As áreas de The Witcher 3 são enormes. Você olha para o mapa inicial e não consegue deixar de levar um susto, ao descobrir que aquela é apenas uma das sete áreas presentes na geografia do game. Mas a repetitividade das tarefas, aliada a um exagero na simplicidade de algumas missões, vai fazer você cansar de explorar já nas duas primeiras semanas com o jogo. Sem contar que o desnível entre alguns monstros e você vai te fazer desistir de abrir aquele misterioso ponto de interrogação no mapa, que te impelia a continuar seguindo em frente.

Em Fallout 4 isso jamais acontece. Com mais de 200 horas de jogo, a sensação de constatar que os lugares novos do mapa estão escasseando é a de pesar, e não de alívio.
Então, diante deste fato indiscutível, Fallout 4 vira o placar, aumentando a diferença com um 2X1.


ROUND FINAL: COMBATE
























Como eu já falei no último post do blog, existem combates em jogos de videogame que podem: ou fazer parte da diversão geral do game, ou representar um obstáculo nas coisas que você planeja fazer no gameplay da aventura.

The Witcher 3 conta com um combate pouco variado, que se resume a massacrar o botão de espadadas e esquivar na hora certa. E a árvore de skills do jogo também não ajuda: Geralt conta, logo no início do jogo, com todas as magias que serão usadas durante todo o jogo. Eu sei, isso faz sentido pelo fato de o jogo ser a terceira parte da história de um mesmo protagonista. Mas o fato disso fazer sentido não quer dizer que combina com o sistema do jogo, ou que vá agregar alguma melhoria à experiência do jogador.

Com Geralt, o prazer de descobrir uma nova habilidade simplesmente não existe, visto que as variedades das magias, proporcionada pelo uso de runas ou skill points, não se configura um fator suficiente para dar uma maior graças aos movimentos do bruxeiro.
Pra piorar, eu não achei o combate do game nada empolgante. Os golpes de espada não possuem impacto, mesmo quando fatiam o inimigo em dois.



Já Fallout 4 tem no combate um dos seus pontos mais positivos. Além de uma variedade absurda de mais de 70 armas diferentes (não estou contando com as modificações), os perks adquiridos geram uma variedade bem interessante ao jogador, não importa se ele prefere jogar ao estilo COD de ser, ou calcular milimetricamente as áreas do corpo adversário que quer atingir no V.A.T.S: os combates empolgam da primeira barata que você soca, ainda no Vault 111, até o último super mutante behemoth que tomba a seus pés.

PLACAR FINAL: desculpem-me os fãs de espadas com o peso de uma vara de bambu e impulsos telecinéticos incapazes de derrubar um gato, mas o combate visto na Commonwealth é deveras mais interessante que o apresentado na saga do bruxeiro de cabelos grisalhos. Principalmente por causa de um “pequeno detalhe” chamado Power Armor...
Fallout 4 vence a peleja, com um merecido 3X1 em cima do emburrado caçador de monstros da CD Projekt Red. E antes que você venha bancar o fã putinha com uma das séries, leia o restante do texto que vem abaixo.




Pra finalizar a brincadeira com toques de treta séria de verdade, gostaria de deixar bem claro que tanto Fallout 4 quanto The Witcher 3 são dois excelentes jogos. E o conselho que eu vou dar vale pros dois: não se desespere pra adquirir nenhum deles: apesar de excelentes, ambos são produtos com suas falhas, e (mais no caso de The Witcher) passam longe de ser esta perfeição em forma de bits que todos pintam por aí.

Apesar de gostar bem mais de Fallout, é mais que óbvio que ainda vou terminar a minha jornada em The Witcher 3. Por razões pessoais (combate; variedade de quests; tema pós-apocalíptico...), eu acho que Fallout 4 merecia mais o prêmio de Jogo do Ano. Mas de forma alguma eu acho que o prêmio dado a The Witcher 3 foi injusto. Pra ser sincero, eu até fiquei feliz por Fallout 4 não ter ganho o prêmio, pois do jeito que a Bethesda está acomodada (e descaracterizando a série aos poucos), se o game garfasse mais essa premiação, com certeza isso seria um sinal verde ainda maior para que a publisher não abandonasse a zona de conforto em que se encontra atualmente. E pode acreditar: uma das piores coisas na vida profissional de alguém, é quando essa pessoa tem a certeza de que não precisa mais fazer nada para melhorar.

É aquela coisa: o seu mundo não vai explodir, ou você vai se divertir menos com o jogo, só porque eu gosto mais de Fallout 4 que The Witcher 3. Como eu disse no começo do texto, aprender a lidar com opiniões diferentes das suas é um bom exercício de tolerância. E se você não aprender nada com as dicas que eu dei, azar o seu. Eu sou o governante supremo da Shadowlândia e mandarei meus fieis cavaleiros cortarem a sua cabeça fora, caso eu leia algum impropério nos comentários (pra falar a verdade, se for mau educado seu comentário nem vai passar da mediação...).

Obrigado a todos e até o próximo combate de titãs.

Au Revoir.


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